UTOPIA



Não era isto que eu tinha previsto para hoje, mas às vezes não resisto a passar os olhos pela actualidade. A bem da verdade, estou diariamente atento ao que se vai passando, mas a maior parte das vezes não sinto vontade nenhuma de abordar o que está na ordem do dia, por tais assuntos serem tão fracos de sumo, e ao mesmo tempo tão repetitivos e pouco benéficos para aquilo que entendo ser mais útil à evolução do ser humano aqui na terra.
Mas, desta, não resisti.
E quero começar pelo seguinte: então não é que apenas na terça-feira (ontem, a bem dizer!), a líder do principal partido da oposição resolveu, enfim, despir as vestes de “avó ao fim-de-semana”, e vir a terreiro criticar o que se passou e o que não foi dito no congresso do partido do governo, que arrancou por acaso na já longínqua sexta-feira, tendo terminado no domingo?…
Ai, valha-me Deus, senhora!
Será que alguém já lhe disse que por acaso, repito, por acaso, a senhora será este ano candidata a primeira-ministra?
Se calhar não tinha dado conta disso. Se calhar, nem nós ainda demos conta disso.
Eu já nem digo que a senhora teria a obrigação de, a exemplo de todos os outros, vir tecer algumas considerações no domingo ao fim da tarde, que isso era uma trabalheira enorme.
Ora essa, agora, despir o pijama e o roupão, ainda para mais num dia frio, isso é que não.
Só para mostrar aos “pobrezinhos” que anda atenta. Aqui, os “pobrezinhos” somos nós, que pagamos o seu vencimento de deputada e todas as outras coisas que ela já foi na vida pública. Mas, passou-se segunda-feira…e nada.
Valha-me Jesus Cristo!
Na terça também é dia, terá pensado, e apanho-os de surpresa…
Nunca, que me lembre, e já tinha sete anos quando se deu a Revolução, vi esta Democracia tão afundada. Nunca vi, como até hoje, Portugal entregue a tais politiqueiros (sim, porque políticos é um termo impróprio para essa gente!), que mais não fazem que assegurar o seu bem estar, o bem estar individual de cada um, sem ter como objectivo de vida dedicada à política, o assegurar do bem estar das pessoas que eles governam e a quem deviam servir.
Adiante…
Também por estes dias somos confrontados com o facto da maioria dos cabeças-de-lista às eleições europeias terem passado no berço político pelo Partido Comunista Português (aquele partido que dizia: União Europeia, não obrigado!). Fico sem perceber quem estará errado: se o PC por que não os conseguiu aguentar nas fileiras, ou os agora candidatos dos outros partidos porque um dia perceberam que de PC’s (daquele PC) tinham muito pouco.
E, agora, a brejeirice: impossível ficar indiferente à cena ocorrida ontem à porta do Tribunal de Gaia com a ex de Pinto da Costa, Carolina Salgado. Não chorei, confesso, mas lamento ter visto “azeiteiras”, de trazer por casa, que tinham idade para aquelas horas estarem a trabalhar, em vez de se estarem a abotoar com o rendimento garantido por todos os portugueses que trabalham, permanecerem por ali apenas por causa das câmaras de televisão só para chamar nomes antecipadamente encomendados à mãe da rapariga que afinal de contas teve um dia mais “tomates” que muitos importantes da praça lusitana, e não só da orla futebolística, ao ter denunciado aquilo que muitos dizem ter conhecimento e apregoam aos sete ventos há anos e anos como sendo a maior fraude do futebol português. Mas, claro, de uma "arrochadazita" que todo o País viu, a ter que ser internada num hospital, por má disposição, durante toda a tarde(?), até me faz lembrar cá uma “coisita” que eu agora não vou contar. Porque não posso. Nem quero. Avancemos. Conveniências, digo eu, é o que é. Não fosse lá estar durante a tarde à porta do Tribunal de Gaia aquele “artista” bonito que é chefe da claque dos SuperDragões. O tal que queria matar o Mourinho e o Paulo Assunção. O mesmo que um dia levou Carolina Salgado segura pela pinça das calças de ganga bem apertadas até ao Estádio da Luz só para chatear o “orelhas” e espicaçar todos os mouros. Como, aliás, todo o País também viu. Enfim, cenas de um País que anda triste por estes dias. Digo eu que sou “lagarto”: apesar da crise económica e financeira mundial, por cá o Benfica tem que voltar a ser campeão. Caso contrário, morremos todos de tédio e melancolia nos próximos tempos. Ao menos que a maioria de seis milhões se divirta. Cá por mim, não sou egoísta…
Bem, e falando de tristezas. Tenho que dizer isto antes de terminar: a verdadeira tristeza, essa, é vivida e sentida há muito por todos os guineenses. Só tenho pena que em Portugal, Cavaco e Sócrates, incluídos, não tenham tido um lampejo de decência para dizer aos portugueses que tal situação ocorrida em Bissau estava há muito anunciada. As lamentações, da ordem, chegaram ontem, depois do sangue derramado, ou seja, tarde e a más horas. Assim mesmo, arrisco a dizer, não querendo fazer dramatologia, que o povo guineense, embora apreensivo, como de há muitos anos para cá, respira, desde segunda-feira, de forma mais aliviada. Não acreditam? Acreditem pois.
Já agora: aquela fantochada chamada CPLP, alguém me diga se souber, para que serve? Claro, convém que aqueles que me estão a ler já tenham pelo menos ouvido falar em CPLP. Caso contrário, o melhor será consultar a wikipédia. Com um pouco de sorte talvez se encontre por lá a definição tida na sua essência. Tudo o resto – a realidade – é como o socialismo à portuguesa: utopia.