VERDADEIRO AMOR

É bom, digo eu, começar a semana a escrever sobre o Amor. Alguém me acompanha?


Entretanto, Simone e Zélia Duncan vão passar toda a semana a cantar, como só elas sabem, palavras de amor, em Portugal. Aqui vos deixo, hoje, também um pouco do espectáculo que as duas brasileiras vão apresentar neste País onde se ama verdadeiramente cada vez menos.



O que é o amor verdadeiro?
Será que esse sentimento existe de facto?
Qual a essência do amor? E o que existe realmente no íntimo de cada um de nós quando achamos que é de amor que se trata?
É opinião geral, e real, que o amor tem várias formas e maneiras de se manifestar. Existe o amor de mãe, de pai, de esposa, de marido, de irmão, de tio, de avó, de avô, de neto, de amigo…por aí fora, um nunca mais parar.
Trago hoje a este blog esta questão porque um dia destes li, num jornal on line espanhol, uma história de amor das mais belas e significativas, contada por uma médica local.
Numa tradução livre para a língua portuguesa, eis o que disse a médica ao jornal:
“Um homem de certa idade foi à clínica, onde trabalho, para tratar de uma ferida na mão.
Estava com pressa, e enquanto o tratava perguntei-lhe o que tinha de tão urgente para fazer.
Ele respondeu-me que precisava de ir a um asilo para tomar o café da manhã com a sua esposa, que estava lá internada.
Disse-me ainda que ela estava naquele lugar há algum tempo porque sofria de Alzheimer, em estado já bastante avançado.
Enquanto acabava de fazer o penso, perguntei-lhe se a esposa ficaria preocupada e incomodada se por acaso ele chegasse atrasado naquela manhã.
“Não” - respondeu ele “ela já não sabe quem eu sou. Faz quase cinco anos que não me reconhece.”
Então perguntei-lhe de certa forma surpreendida: mas se ela já não sabe quem é o senhor, porque mantém essa necessidade de estar com ela todas as manhãs?
Ele sorriu, e com um olhar enternecido disse-me: “Pois...ela já não sabe quem eu sou, mas eu, entretanto, sei muito bem quem é ela.”
Tive que conter as lágrimas enquanto ele saía, e pensei naquele exacto momento: é este tipo de amor que quero na minha vida.”
É uma história bonita, daquelas que surgem regularmente nos jornais e revistas que lemos, mas que na verdade nem ligamos. Lemos e esquecemos de imediato. E leva-nos a reflectir uma vez mais sobre algo que já sabemos há muito, mas que também esquecemos quase sempre e depressa. É que o verdadeiro amor não se reduz nem às questões de ordem física nem apenas ao romantismo (na verdadeira essência da palavra).
O verdadeiro amor é a aceitação de tudo o que o outro é. Do que foi. Do que será. E do que já não é.
Neste caso particular aqui descrito relacionado com Alzheimer - um transtorno neurológico que provoca a morte das células nervosas do cérebro, e que pode apresentar-se em pessoas a partir dos 40 anos de idade, de maneira lenta e progressiva, e em estado avançado, provoca no paciente a incapacidade para comunicar, reconhecer pessoas, lugares e coisas, e o doente perde a capacidade de andar, de sorrir, de tratar da sua própria higiene, e passa a maior parte do tempo a dormir – convém referir que a pessoa embora afectada pela doença não fica insensível à atenção, ao afecto, ao carinho e à ternura que lhe dedicam.
A pessoa sente o amor com que a envolvem.
Por esta razão vale a pena reflectir como a médica, que ficou a pensar, depois do seu paciente ter saído para ir visitar a esposa: “É este tipo de amor que quero na minha vida”.
Volto a repetir: é que o verdadeiro amor não se reduz nem às questões de ordem física nem apenas ao romantismo (na verdadeira essência da palavra).
O verdadeiro amor é a aceitação de tudo o que o outro é. Do que foi. Do que será. E do que já não é.