PENSO, LOGO EXISTO

Uma nota preciosa a quem está atento à música que apresento regularmente neste blog: é bastante provável que à medida que a vai escutando dê por si a pensar - «de onde é que eu conheço isto?». Pois bem, este é Joe Satriani e o tema “If I Could Fly”, gravado originalmente em 2004. Esta é, aliás, a famosa música da recente polémica com os Coldplay, por causa de “Viva La Vida”, gravada em 2008.
Satriani terá razões para acusar os Coldplay de plágio? Cá para mim, tem! Basta escutar com ouvidos de ouvir. Pessoalmente, gosto dos Coldplay, mas prefiro Joe Satriani que desde os meus 20 anos me enche as medidas, entre outras coisas, com “Crushing Day”, tema que também pode escutar no fim desta página. Joe Satriani, um mestre da guitarra que eu felizmente já tive a oportunidade de ver de perto num workshop promovido pela Antena 3, meia-dúzia de anos atrás, no Auditório da RDP (então, nas Amoreiras).





Alguma vez se lembrou de parar para pensar na diferença entre viver e existir?
Embora uma análise superficial dos dicionários nos dê a impressão de que os dois termos têm significados iguais, é de salientar que uma busca atenciosa pode sugerir algumas diferenças.
Para viver, basta ter vida. Todos os seres orgânicos vivem.
Mas para existir é preciso um certo grau de consciência. É saber retirar da vida o que ela tem de melhor para a evolução do ser.
Um velho filósofo francês, René Descartes, expressou bem essa ideia sintetizando-a numa frase célebre: "penso, logo existo."
Ora, existir pressupõe uma acção consciente, exige a acção do pensamento. Existir é ser, estar, permanecer.
Sob esse ponto de vista, podemos questionar-nos se existimos de facto ou se simplesmente vivemos, passando pela vida de forma quase inconsciente.
Grande parte dos seres humanos vive sem dar a devida atenção às circunstâncias os rodeia. Ou seja, permitem que a sua existência se transforme num automatismo pernicioso e paralisante.
É como se, ao acordar pela manhã, ligássemos o "piloto automático" e nos deixássemos por ele conduzir, sem estarmos efectivamente despertos. E isso é tão real que, ao anoitecer, poucos se lembram dos factos ocorridos no decorrer do dia. E esse tipo de comportamento é extremamente prejudicial porque nos conduz ao fim da vida sem que tenhamos retirado dela o que quer que seja de essencial.
Não é outro o motivo pelo qual as massas são facilmente conduzidas, tangidas pelas ideias dos que pensam e gostam de manipular os seres mais distraídos. É dessa forma que somos seduzidos por tantas e inúmeras coisas, como a moda, por exemplo, ou os vícios, e outros interesses mesquinhos que nos vão surgindo apontando soluções fáceis para tudo, mas ilusórias ao mesmo tempo.
Vale a pena, digo eu, dar outro sabor à nossa vida e passar a existir conscientemente. Reflectindo no que é melhor para nós mesmos e para os nossos familiares, amigos e outras pessoas com quem partilhamos o dia-a-dia. Não nos deixando levar por propostas infelizes que só nos farão sofrer mais tarde. Procurando conjugar o verbo ser, ao contrário de nos fixarmos apenas no ter. Analisar, por exemplo, com cuidado, as “mensagens publicitárias” veiculadas pela comunicação social, para que possamos retirar as boas ideias e descartar as que complicarão as nossas vidas.
Assim, a opção será sempre nossa: passar pela vida como autómatos ou existir com uma consciência desperta.
Aquele que opta por viver apenas como outro ser orgânico qualquer, teme constantemente a morte. Mas aquele que existe de forma consciente, sabe que passará para além da morte com lucidez e que continuará por isso mesmo a existir.
Há pessoas que vivem praticamente do estômago para baixo. Comem, bebem, fazem sexo, torcem pelo seu clube favorito, discutem por ele, dormem e, por fim, morrem. São os chamados "homens fisiológicos". Só pensam em si mesmo. Encaram o trabalho como uma obrigação e não ensinam a ninguém o pouco que sabem.
E depois existem os “homens psicológicos”. São aqueles que, sem deixar de atender às funções fisiológicas, têm sempre fome intelectual. Lêem bastante, meditam, raciocinam, iluminam a mente com ideias salutares e contribuem positivamente para um mundo melhor. O seu trabalho é eficiente e geralmente fazem o que podem para ensinar aos outros o que sabem. São pessoas que existem de forma consciente. Têm olhos de ver e ouvidos de ouvir.