MELHOR É POSSÍVEL

Confesso que andei muito tempo a pensar que o melhor a fazer da próxima vez que tivesse que exercer o meu direito de voto, qualquer que fosse o tipo de eleição, que deveria fazê-lo em “branco”.
Confesso, de igual modo, que desde o dia em que a idade me permitiu decidir sobre as minhas opções políticas, que já variei a minha decisão percorrendo todos os quadrantes desde a esquerda do MRPP ao lado oposto do PPM.
Confesso que as siglas sempre me disseram pouco ou nada, tendo desde sempre dado toda a importância aos projectos, às ideias e às pessoas por detrás delas. Por isso, já votei Carlos Marques, candidato apoiado pela UDP à presidência, ou Francisco Louçã, então candidato do PSR à assembleia da república, ou Cavaco, para a governação em maioria, ou até Portas, por uma questão de renovação, ou Miguel Esteves Cardoso, candidato dos monárquicos ao parlamento europeu, por uma questão de irreverência.
Confesso que na maioria das vezes me arrependi redondamente, quase sempre meia dúzia de meses depois de ter ajudado um qualquer a vencer as eleições. Contudo, nunca me arrependi de ter optado pelos que perderam.
Confesso, por isso, que as muitas desilusões já me fizeram votar algumas vezes em “branco”, sempre certo e seguro de ser essa a melhor das opções em determinados momentos.
Confesso que já andei iludido por esse mundo da política, e até envolvido, mas, mais tarde que cedo, infelizmente, cheguei à conclusão que o importante, nesse mundo, não é o que pensas e tens vontade de fazer, mas o que podes dar aos outros e aos amigos mais chegados para que eles se mantenham com os “costados na cadeira do poder” o maior tempo possível.
Confesso, embora aqui saiba que provavelmente peco por excesso, mas acho praticamente todos os que estão actualmente ligados a esse mundo da política em Portugal uns perfeitos incompetentes, e que por interesses meramente pessoais há muito que trocaram a verdadeira política pela politiquice, tornando-se na verdade uns autênticos politiqueiros que deixam à margem as ideias realmente importantes como faziam e bem, e de quem tenho enormes saudades, Sá Carneiro, Adriano Moreira, Lucas Pires, Cunhal, até mesmo Acácio Barreiros e Arnaldo Matos, entre outros.
Voltando ao princípio, para situar melhor o leitor: confesso que, após tantas desilusões, andei muito tempo a pensar que o melhor a fazer da próxima vez que tivesse que exercer o meu direito de voto, qualquer que fosse o tipo de eleição, que deveria fazê-lo, definitivamente, em “branco”.
Mas, eis que, e para o bem da política portuguesa e do próprio País, se permitiu o surgimento de movimentos de cidadãos, uns mais independentes que outros, mas que, quase na totalidade, não se revêem, tal como eu, em qualquer dos partidos existentes em Portugal.
Eis que, quero eu ainda acreditar, apareceram algumas pessoas com vontade de demonstrar a sua crença e o seu virtuosismo na auto-estima e em prol do que será melhor para as outras pessoas de facto, sem que para a melhoria da sua condição de vida e desses se sintam obrigadas à obtenção do cartão rosa, laranja, vermelho ou azul.
Eis que, no seio desses movimentos de cidadãos, surge uma mulher, que não conheço pessoalmente, mas por quem tenho desde há largo tempo grande estima, sobretudo pela criação dos muitos textos que já publicou, e que sempre desejei ter sido eu a escrevê-los por neles me rever de alto a baixo na plenitude e no emaranhado das suas palavras sensatas e frases simples que nos provocam facilmente emoções porque nos dizem tanto do que somos e como somos.
E eis que, incomodado pela falta de mediatismo oferecido pelos “jornaleiros” desta democracia vergonhosa e propositadamente desatenta que não me permite ter acesso às ideias dessa mulher e do movimento que encabeça nestas eleições europeias, fui obrigado a pesquisar e a dirigir-me ao sítio da internet para melhor tentar perceber quais as suas reais prioridades, para no fim confirmar que a minha curiosidade intuitiva não me desiludiu, e nesse sentido, confortar-me com a vontade convicta de lhe oferecer o meu voto no próximo domingo.
Confesso, por isso, e a terminar, que vou mesmo votar na Laurinda Alves e no Movimento Esperança Portugal, porque, tal como ela, eu também ainda acredito que “MELHOR É POSSÍVEL” para este meu País.