ADEUS BENTO, VAI COM TRANQUILIDADE




Não tenho pena de Paulo Bento. Tenho pena, sim, de pessoas que não compreendem que existe limites para o desempenho da sua missão. Seja no futebol ou em qualquer outra área de actividade. Bento também acabou por compreender, mas demasiado tarde. O próprio reconhece isso quando diz que o tempo dele no Sporting tinha chegado ao fim há 4 meses atrás. Ainda assim, sem que ninguém o pudesse obrigar a isso, decidiu continuar. Hoje mostra-se arrependido. Este desabafo faz-me lembrar aquel’outro que é tido por muitas pessoas que vivem debaixo do mesmo tecto uma vida desavinda, e que decidem estupidamente ter um filho para ver se as coisas melhoram. Mais pena tenho, sim, do filho, que fruto desse absurdo plano vai demorar para encontrar um rumo, um caminho para seguir em frente no cumprimento da linha da vida que lhe está traçada, e que embora possa ter um fim positivo, não será de certeza a mesma que lhe estaria destinada se não houvesse divórcio.
Como adepto do Sporting, confesso que hoje sou mais feliz que ontem. E não me venham cá com aquele tipo de “estórias” que se costumam contar das pessoas apenas depois da sua morte: “afinal, ele até era boa pessoa”. Pois, estou nem aí. O que estava em causa não era a pessoa, mas sim o técnico. E nessa qualidade, Bento vinha revelando há muito as suas limitações. Como técnico poderá, obviamente que sim, ser excelente daqui a uns anos. Mas, até ontem, Bento só agradava de verdade àqueles que eram adversários do Sporting.
Um “sketch” televisivo deu-lhe um relevo que poucos ao serviço do Sporting, e ganhando tão pouco como ele, nunca tiveram antes. Foram os tiques, foi o penteado, o modo de falar… os adeptos até acharam graça, mas isso não seria nunca suficiente para Bento cair em graça se não conseguisse aliar à comédia alguns resultados “engraçados”.
E o que dizer de um presidente que parece ter nascido apenas há 4 meses? Os cabelos completamente brancos afinal enganam. Só o algodão é que não. Estou triste, sim, pelo facto de JEB ter esquecido que o Sporting é um clube centenário cheio de história e de inúmeros ícones que os adeptos não irão esquecer. FOREVER. Estou triste, sim, pelo facto de JEB se ter esquecido de mencionar que Bento não era, de facto, o treinador do Sporting, mas sim, apenas e unicamente, da SAD, o que é bem diferente. A maior prova de que tudo ia mal com Bento aconteceu no momento logo a seguir ao anúncio da sua saída: as acções do Sporting cotadas em Bolsa dispararam de imediato.
Eu, no lugar de JEB, pegava no autocarro do clube e partia para bem longe, não sem antes oferecer boleia a Miguel Ribeiro Teles, Pedro Barbosa e a mais alguns empregados do BES disfarçados de sportinguistas que por lá andam. Mas, claro, isso já é pedir muito. Por isso, contento-me com a saída do Paulo Bento. Agora, tenho a certeza, as coisas só podem melhorar. É que piorar é mesmo muito difícil.