NÃO DESISTAM DE SER FELIZES

Passei um fim-de-semana extremamente angustiado devido aos mais recentes acontecimentos na Guiné-Bissau. Fisicamente, não conheço a Guiné-Bissau, mas conheço e tenho o maior carinho por muitos guineenses, pessoas que como eu, são pais, filhos, irmãos, e choram, e sofrem, e riem e se divertem, tal como eu, de acordo com as circunstâncias. É por isso que abomino aqueles que, desconhecedores do mínimo que seja sobre a Guiné-Bissau, emprenham pelos ouvidos o que a ignorante comunicação social lhes transmite. Porque a Guiné-Bissau não é composta apenas pela meia dúzia de energúmenos que fazem a notícia acontecer, notícia infelizmente corriqueira de há uns anos a esta parte.
Não.
A Guiné-Bissau é um país de pessoas que como eu, querem ser felizes, e que, como eu, lutam diariamente por um dia novo, e depois têm, como eu, uma meia dúzia de idiotas que detém o poder e que pensando unicamente neles próprios se estão marimbando para a maioria das pessoas que, como eu, só querem adormecer e despertar num país em paz e com esperança no futuro. Mas desses, como eu, a comunicação social não dá conta, não dá notícia. E, então, parece sempre que um povo afável, simpático e solidário, é estereotipado pela meia dúzia de estúpidos que já podiam ter morrido há muito, mas que ainda por lá andam, quais parasitas, sempre à espera que o pobre inocente esteja distraído para o apanhar a jeito e sugar o sangue que ele necessita para continuar a fazer sobreviver a sua malvadez.
E é por isso, só por isso, que passei um fim-de-semana angustiado. A vitória do Benfica frente ao poderoso Liverpool não me disse nada particularmente, mas sei de milhares de guineenses que na mesma noite da última tentativa de golpe de estado na Guiné-Bissau, choraram de alegria por aquele volte face conseguido pelos encarnados. A goleada gorda do Sporting na sexta-feira frente ao Rio Ave, muito sinceramente, também me disse pouco, mas sei de outros milhares de guineenses que ficaram felizes por mais uma conquista do injustiçado Carvalhal. Sei que Carvalhal ficará forever no coração de muitos guineenses, mas sei também que o coração da maior parte do milhão e meio de guineenses existentes naquele pequeno país africano já está demasiado apertadinho para lá caber o amor que todo o ser humano merecia, para poder amar todos os seus conterrâneos, os seus irmãos de sangue, a sua pequena terra, o seu pequeno país, e continuar a sonhar que o sol amanhã, apesar de continuar abrasador, vai torná-los mais felizes.
Sinto uma angústia tão grande que DOU PARTE DA MINHA VIDA por um dia de sossego na Guiné-Bissau. Que me chamem de “pelintra” se quiserem, mas sinto na verdade uma angústia tão grande que só quero GRITAR ao povo da Guiné-Bissau que
não desista.
A união faz a força.
As palavras vencem as armas.
A Guiné-Bissau é de todos os guineenses. Não de meia dúzia de energúmenos que só pensam no próprio umbigo.
NÃO DESISTAM DE SER FELIZES.