SEGREDOS - AS ÚLTIMAS LINHAS

Numa altura em que está prestes a sair o meu próximo livro, recupero aqui as últimas linhas do anterior -SEGREDOS -, lançado ao público exactamente em 25 de Abril do ano passado, na FNAC do C.C.Vasco da Gama, em Lisboa.


         Cada pessoa esconde um segredo. Nem imaginamos quando as vemos passar. Tal como Dorothy, a menina do Kansas que é atingida por um tornado que a transporta do seu mundo desinteressante para a extraordinária terra de Oz, governada pelo Feiticeiro da Cidade Esmeralda. Apesar de partilhar algumas aventuras maravilhosas com novos amigos, ela acaba por compreender mais tarde que não há nada como a sua casa. Nada como a nossa casa. A maior parte das vezes só comprendemos isso quando já é demasiado tarde.
         Antes de dizer adeus quero partilhar uma passagem de Pablo Neruda que lembro sempre quando não tenho respostas para dar: “Quanto vive o homem, por fim? Vive mil anos ou um só? Vive uma semana ou vários séculos? Por quanto tempo morre o homem? Que quer dizer para sempre?”. E ao que acrescento: os segredos são apenas aquelas pequenas coisas a que não damos grande importância. As outras, as coisas realmente importantes, essas nós não conseguimos viver com elas. É por isso que partilhamos. E é aí que deixamos uma parte da nossa vida. Os segredos não são nossos. Não são de ninguém.
         Agora sim, posso ir.