O “POLVO” Que Nos Lixa

Carlos Queiroz tinha dito recentemente numa entrevista concedida a um prestigiado semanário que o vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol era a cara do polvo. Dias depois em entrevista à SIC tentou baralhar toda a agente quando disse que polvo para si era sinónimo de nuvem ou tempestade. Tentou trocar as voltas à segunda quando não tinha necessidade, pois acertou em cheio à primeira. O vitalício dono da cadeira da vice-presidência da FPF é de facto a cara do polvo. De outra forma, como se segurava no cargo desde… sei lá bem?!... Só sei que no México 86 ele já lá andava, e a porcaria já era da grossa como todos lembramos. Por outro lado, ao dizer que Amândio de Carvalho era a cara do polvo, Queiroz só se esqueceu de referir que aquele é “bicho” de muitas caras, mas o importante é o corpo e são os tentáculos. E sem necessidade de pensar muito, nem tão pouco sentir necessidade de aprofundar a matéria, facilmente encontramos um dos tentáculos, aquele que todos acusam – e com razão – de ter provocado este terramoto que nos distrai há dois meses das coisas importantes a que o povo devia mesmo dar atenção aqui na terra. Logo, não é difícil de chegar à conclusão que tudo serve para desviar a atenção das pessoas do essencial. Vale tudo na terra deste polvo com uma inteligência muitos níveis acima daquilo a que estávamos habituados nesta terra de gente pobre mas honesta. Nunca até aqui a coisa esteve tão bem organizada, tão untada. Nunca a máquina tinha conseguido ser tão eficaz. Nunca o polvo viveu tão sossegadamente nestas águas que de tão cansadas já nem se agitam nem com terramotos.
Por completo desleixe informativo, ou pura falta de vontade, o resto do Mundo, nós incluídos, pensamos que de África nenhuma coisa boa pode vir que possa ser adoptada e seguida. Tenho muita pena que em Portugal não se tenha seguido com maior atenção a atitude espontânea do nobre povo moçambicano quando este, esfomeado, saiu para a rua, sem o apoio dos sindicatos e de outras entidades, para em uníssono gritar contra o aumento dos bens essenciais. É verdade que se cometeram alguns excessos, mas esses não foram levados a cabo por aqueles que têm que levar o pão à mesa, mas sim por delinquentes e oportunistas como existem em todas as sociedades, mas no fim, veja-se qual foi o resultado após três dias de inactividade na capital do país. O governo de Moçambique recuou. Pois foi. Mas nós por cá não aprendemos nada. Basta-nos ter o LCD, a PSP, o IPod, o MEO e a SPORTV descodificada, e umas sopinhas, para continuarmos esticados no sofá a roncar, enquanto pela calada, e com tantas distracções, o polvo vai fazendo toda a merda que puder para nos continuar a lixar. Queiroz tinha razão, o outro era só a cara. Uma.