Uma “NOBRE” Palavrinha


Sejamos directos: o candidato Manuel Alegre corre atrás de cada voto como se de “pão p’ra boca” se tratasse, sem olhar a meios, utilizando todos os instrumentos ao dispor da sua candidatura que é, hoje, ao contrário de há quatro anos, composta por uma experiente e oleada máquina que tudo fará para, pelo menos, o transportar ao colo a uma aparentemente perdida segunda volta.
Alegre não é mais o candidato solitário e marginal das últimas eleições, mas sim alguém que afinal de contas também tem como ambição o poder seja a que preço for, ao ponto de ter aceitado o apoio oficial daqueles que tão mal de si disseram ao longo dos mais recentes anos. Alguém mais honesto e com princípios bem definidos teria dito: não, meus camaradas, mas vou sozinho agora.

Sejamos directos: qual o interesse de um partido dito da “jovem guarda” apoiar um candidato que não é reconhecido praticamente por ninguém abaixo dos quarenta anos de idade?
Quantos saberão citar um verso que seja de sua autoria? Quantos se lembrarão que ele não foi mais do que um mero deputado que de vez em quando desobedecia às intenções da sua própria bancada? Alguém, com menos de quarenta e cinco anos, se lembra de ter visto Manuel Alegre fazer alguma outra coisa na vida?

Sejamos directos: nunca, como agora, as pessoas estiveram tão descrentes relativamente aos políticos. Nunca, como agora, as pessoas se sentiram tão revoltadas por terem dado tantas oportunidades àqueles que os deixaram tal como se encontram hoje – na lama, na mais profunda miséria, com fome e sem esperança.
É urgente, mais do que nunca, chamar, assobiar, gritar, se for preciso, aos ouvidos da maioria daqueles que há muito desacreditaram e que nem se dão ao trabalho de ir às assembleias de voto, simplesmente porque acham que será sempre mais do mesmo. Essa gente que não é passiva por natureza, mas que se deixou levar por tanta confiança oferecida e largamente perdida após muitas eleições.

Fernando Nobre tem, como mais nenhum outro dos candidatos, essa extraordinária possibilidade de voltar a despertar os sentidos adormecidos daqueles que “não quiseram mais saber até aqui” e ressuscitá-los, bastando para isso ser quem é, mostrar-se como é e continuar a falar como uma “pessoa comum”. Apenas isso. Portugal precisa de um “homem de consensos”. Fernando Nobre é o único que nunca se “partiu” ou dividiu. Todos os outros têm “rabos de palha”. Nobre, não. Mas tem que passar isso às pessoas. Afinal de contas continuar a fazer o que sempre fez na vida – falar ao coração delas. Tocá-las.