You’ll Never Walk Alone




(A poucos dias de um FC Porto-Benfica)

Talvez eu não seja assim tão doente. A verdade é que não obedece a qualquer tipo de ordem racional a explicação para o facto de uns serem do Benfica, outros do FC Porto, e ainda, alguns, como eu, do Sporting. Não existem grandes explicações. É algo que… somos, e pronto! Ninguém fica grandemente preocupado em vasculhar justificações para o que leva uns a gostar mais de amarelo do que de roxo. Gosta-se, e pronto! E todos partem, ou têm de partir, de um princípio de respeito pelas opções individuais de cada um.

A única coisa que sempre detestei, mais ainda do que da dor daquele que sofre com o resultado menos positivo da sua escolha, foi do FANATISMO. Esse sim, abomino. Sob as suas mais variadas formas. A defesa exacerbada do que quer que seja. É pior que doença. É praga e causadora de cegueira do ser humano. É por isso que detesto Pinto da Costa, mas sou capaz de aplaudir de pé um bom jogo do FC Porto. É por isso que não gosto de Hitler, mas sou capaz de apreciar um bom carro alemão. É por isso que não morro de amores por Francisco Louçã, mas sou capaz de apreciar uma boa ideia do Bloco, ou de Paulo Portas ou de outros.

Tudo isto para dizer que o que não aceito é que digam que sou menos sportinguista se não rejubilar com os golos marcados pelo FC Porto ao Benfica. Ou então serei levado a pensar: talvez não seja assim tão sportinguista, de facto. NADA DE MAIS ERRADO.

Tenho por hábito dizer que “os portugueses não gostam de futebol. Gostam do seu clube. E só quando o clube ganha!” E isso é DOENTIO.

É por isso que nutro desde há muito uma paixão pelos fãs do Liverpool, que mesmo nas horas mais amargas, sobretudo nessas, despedem-se da equipa entoando a plenos pulmões: “You’ll Never Walk Alone”. Isso é DOENÇA, FANATISMO, LOUCURA? Não. Isso é AMOR e, acima de tudo, RESPEITO pela superioridade do adversário.

Quantos portugueses saem de um recinto de jogo, apesar da supremacia evidente do adversário, sem culpabilizar a prestação do árbitro? Eu conheço muito poucos. Isso é DOENÇA! Quantos saem, alguns apesar da vitória sem apelo nem agravo, a justificar o injustificável com a prestação má ou boa do árbitro, esquecendo antes de mais de honrar o adversário digno que apanharam pela frente e saiu derrotado? Bastantes. Isso é FANATISMO!

É por estas e por outras que de vez em quando acho que não devo ser deste mundo. Por essas e por outras é que me sinto mais preocupado com as continuadas mentiras de quem nos governa, do que com as derrotas do Benfica ou as vitórias da Naval 1º de Maio.

É que as vitórias e derrotas no futebol para o ano continuam a surgir. Quanto ao que me vai sair do bolso duvido muito que mo devolvam daqui a 5, 10 ou 20 anos.

Gostava mesmo que o Sócrates me cantasse: “You’ll Never Walk Alone”, tendo como coristas o Passos Coelho, o Jerónimo, e os outros.